PERECORRER

Percorrer esquinas fantasmas, entre ruas que já nem são
Noites de céu aberto, silêncio e de certa solidão...
Percorrer, por dentro da alma de todas as madrugadas
Elevar-se na térmica dos passeios e calçadas
Voar sobre o sono dos telhados inocentes
Transparentes, os tetos das casas dos amantes!
Flanar, pelos sonhos repletos, pelo nada que é a vida das gentes
Sorrir no leve dos semblantes que adormecem
Partir, no olhar dos que nunca esquecem
Que mais breve é encontrar, do que toda esta procura
Pois o tempo, que só faz passar, é o nome da própria ternura.